quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Cecilia


Criança pequena agarrada a minha cintura, criança pequena que foge comigo.

-Foge comigo, menina pequena?

nada que você não queira, não quero,é minha entidade máxima, é divina, é minha mãe, é só.
Só a dor da saudade agarrada em minha cintura.
Menina pequena, fala meu nome como quem diz poesia, menina pequena, tão pequena, tão pequena que  quero levar no colo para onde for, mesmo que minhas mãos sejam sujas e que tenho tanto medo de sujar você com  minha ausência, eu que amo tanto e sou só amor e sou só ausência e só sujeira do tempo.

Menina pequena tira de mim o medo do tempo, fala a palavra que abre todas as portas, fala o teu segredo, o amor que fiz e e enlouqueci.
Diz onde esta a passagem secreta da vida de tua mãe, me orienta, mãe, me orienta.
mãe, mãe, mãe que não sei o nome, só resta o nome da menina pequena que ainda lembro, mas não sabe o meu - sabe que eu sou mamãe e sabe que a amo, como as beatas que amam o padre em procissão, sabe de nós, sabe o segredo que deixa o universo nebuloso e falará as palavras mágicas dos deuses africanos, do enigma velado dos olhos que sonham .
Somos o que descobrimos na nossa fuga da procissão.
Somos a fumaça de meu sofrido cigarro, somos nós a mãe e a filha, e eu mais filha que mãe.
é minha, é somos, estamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário